CTN 1959
Corria o ano de 1959, na cidade de Salvador da Baia de Todos os Santos, o meio universitário brilhava com o apoio do Reitor Edgard Santos. A Escola de Teatro da Universidade da Bahia, recém criada, tinha instalações e equipamentos perfeitos, sem falar na equipe de professores de nível internacional. João Augusto Azevedo integrava o grupo que criou a Escola de Teatro, lecionando nas cadeiras de Formação do Autor e História do Teatro. No fim do ano haveria a formatura da primeira turma de alunos. Mas, em outubro, parte dos alunos se incompatibilizou com o diretor Martim Gonçalves e recusou o diploma. Dentre eles Carlos Roberto Petrovich, Tereza Sá, Othon Bastos, Echio Reis, Carmem Tarquínio Bitencourt e eu, Sônia Robatto.
Liderados pelo diretor João Augusto formamos a Companhia Teatro dos Novos, cujo primeiro espetáculo foi O Auto do Nascimento, de minha autoria. Acabávamos de criar a primeira companhia teatral profissional da Bahia, rompendo também com os padrões estéticos da cena baiana da época. Impusemos o nosso “fazer teatro” de forma mais visceral, com marcante preocupação política e, sobretudo, um forte sabor de novidade. Uma verdadeira vanguarda foi instalada aqui em Salvador, graças, principalmente, a João Augusto, com suas experiências de teatro popular.
Assim começa a história da Companhia Teatro dos Novos, há 47 anos atrás. Vagamos durante cerca de quatro anos, por vários casarões abandonados, que seriam demolidos, casas de amigos e parentes. Até que o Teatro dos Novos instala sua sede na antiga Galeria Oxumaré, no Passeio Público. Estávamos passeando pelo Passeio Público quando descobrimos o lugar ideal para construirmos o teatro, um terreno baldio, onde só havia mato, nenhuma construção, nada. Fizemos uma explanação de nossas idéias e ideais ao então governador Juracy Magalhães que nos cedeu o terreno almejado (a título precário), mais a estrutura metálica para montar o teatro.
Não existia na Bahia, na época, casas de espetáculos. A não ser o Teatro Santo Antônio, da Escola de Teatro da UFBA, e auditórios de colégios. A Companhia Teatro dos Novos passou a lutar pela construção de um teatro. Enquanto isso as apresentações conquistavam as ruas, os claustros das igrejas, as praças públicas, tais como: Largo S. Caetano, Largo do Garcia, Largo das Tamarineiras (Pau Miúdo), Terreiro de Jesus, Adro da Igreja da Palma, Adro da Igreja do Bonfim, Adro da Igreja de S. Antonio Além do Carmo, etc.
O grupo passou a se apresentar no interior da Bahia, viajando como era possível, de trem, na carroceria dos caminhões, junto com o cenário, de ônibus, de barco, assim chegamos a Ilhéus, Itabuna, Mataripe, Pojuca, Catú, Itaparica, entre tantas outras cidades da Bahia, além de Ouro Preto, em Minas Gerais, onde ficamos por três meses vivendo numa comunidade.
Ao lado dos espetáculos os Novos dedicaram-se a construção do teatro. Fizemos bingos, campanhas e, enfim, conseguimos erguer o nosso tão sonhado (e suado) espaço em julho de 1964. Todos do grupo participavam dos trabalhos da montagem, pintando cenários, fazendo a luz, o som, a contra-regragem do espetáculo, figurinos e mesmo durante a construção do teatro, pintavam paredes, montávamos as cadeiras da platéia e todo o trabalho de construção que conseguíamos fazer.
De todas as campanhas da Companhia Teatro dos Novos para a construção do Vila Velha a que fez mais sucesso foi Os Novos Aceitam Tudo que é Velho. Os amigos nos mandaram roupas antigas, sapatos, chapéus, bengalas, capas, sobretudos, cortinas, tecidos, um rico material para a montagem dos espetáculos. O número de amigos dos Novos crescia dia a dia. Não tínhamos horários para nada, atravessávamos noites perseguindo os nossos sonhos no teatro. Não nos cansávamos porque tínhamos a certeza de que o nosso trabalho ia melhorar o mundo e criar uma fraternidade entre os homens.
A primeira peça teatral levada à cena no palco do Vila Velha foi Eles Não Usam Bleque Tai, montagem de João Augusto da peça de Gianfrancesco Guarnieri e que contou com a participação da escola de samba baiana Juventude do Garcia. A Companhia Teatro dos Novos junto com outros artistas convidados, transformaram o Teatro Vila Velha no símbolo de resistência cultural de uma época em que era proibido proibir.
Quando Marcio Meirelles e Ângela Andrade entraram na Sociedade Teatro dos Novos, assumindo a direção do Teatro, a Companhia entra numa nova fase, voltando a produzir novos espetáculos, retomando assim o espírito da companhia original, cujos projetos previam um intercâmbio com outros grupos e a realização de diversas atividades ligadas ao Teatro como oficinas, leituras dramáticas e palestras.
Liderados pelo diretor João Augusto formamos a Companhia Teatro dos Novos, cujo primeiro espetáculo foi O Auto do Nascimento, de minha autoria. Acabávamos de criar a primeira companhia teatral profissional da Bahia, rompendo também com os padrões estéticos da cena baiana da época. Impusemos o nosso “fazer teatro” de forma mais visceral, com marcante preocupação política e, sobretudo, um forte sabor de novidade. Uma verdadeira vanguarda foi instalada aqui em Salvador, graças, principalmente, a João Augusto, com suas experiências de teatro popular.
Assim começa a história da Companhia Teatro dos Novos, há 47 anos atrás. Vagamos durante cerca de quatro anos, por vários casarões abandonados, que seriam demolidos, casas de amigos e parentes. Até que o Teatro dos Novos instala sua sede na antiga Galeria Oxumaré, no Passeio Público. Estávamos passeando pelo Passeio Público quando descobrimos o lugar ideal para construirmos o teatro, um terreno baldio, onde só havia mato, nenhuma construção, nada. Fizemos uma explanação de nossas idéias e ideais ao então governador Juracy Magalhães que nos cedeu o terreno almejado (a título precário), mais a estrutura metálica para montar o teatro.
Não existia na Bahia, na época, casas de espetáculos. A não ser o Teatro Santo Antônio, da Escola de Teatro da UFBA, e auditórios de colégios. A Companhia Teatro dos Novos passou a lutar pela construção de um teatro. Enquanto isso as apresentações conquistavam as ruas, os claustros das igrejas, as praças públicas, tais como: Largo S. Caetano, Largo do Garcia, Largo das Tamarineiras (Pau Miúdo), Terreiro de Jesus, Adro da Igreja da Palma, Adro da Igreja do Bonfim, Adro da Igreja de S. Antonio Além do Carmo, etc.
O grupo passou a se apresentar no interior da Bahia, viajando como era possível, de trem, na carroceria dos caminhões, junto com o cenário, de ônibus, de barco, assim chegamos a Ilhéus, Itabuna, Mataripe, Pojuca, Catú, Itaparica, entre tantas outras cidades da Bahia, além de Ouro Preto, em Minas Gerais, onde ficamos por três meses vivendo numa comunidade.
Ao lado dos espetáculos os Novos dedicaram-se a construção do teatro. Fizemos bingos, campanhas e, enfim, conseguimos erguer o nosso tão sonhado (e suado) espaço em julho de 1964. Todos do grupo participavam dos trabalhos da montagem, pintando cenários, fazendo a luz, o som, a contra-regragem do espetáculo, figurinos e mesmo durante a construção do teatro, pintavam paredes, montávamos as cadeiras da platéia e todo o trabalho de construção que conseguíamos fazer.
De todas as campanhas da Companhia Teatro dos Novos para a construção do Vila Velha a que fez mais sucesso foi Os Novos Aceitam Tudo que é Velho. Os amigos nos mandaram roupas antigas, sapatos, chapéus, bengalas, capas, sobretudos, cortinas, tecidos, um rico material para a montagem dos espetáculos. O número de amigos dos Novos crescia dia a dia. Não tínhamos horários para nada, atravessávamos noites perseguindo os nossos sonhos no teatro. Não nos cansávamos porque tínhamos a certeza de que o nosso trabalho ia melhorar o mundo e criar uma fraternidade entre os homens.
A primeira peça teatral levada à cena no palco do Vila Velha foi Eles Não Usam Bleque Tai, montagem de João Augusto da peça de Gianfrancesco Guarnieri e que contou com a participação da escola de samba baiana Juventude do Garcia. A Companhia Teatro dos Novos junto com outros artistas convidados, transformaram o Teatro Vila Velha no símbolo de resistência cultural de uma época em que era proibido proibir.
Quando Marcio Meirelles e Ângela Andrade entraram na Sociedade Teatro dos Novos, assumindo a direção do Teatro, a Companhia entra numa nova fase, voltando a produzir novos espetáculos, retomando assim o espírito da companhia original, cujos projetos previam um intercâmbio com outros grupos e a realização de diversas atividades ligadas ao Teatro como oficinas, leituras dramáticas e palestras.
Sônia Robatto
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